quinta-feira, 2 de julho de 2009

/Esse texto é continuação do primeiro post (clica lá embaixo, se ainda não leu)/

Por falar em mitos, antes de Jung, Freud mostrou que uma pessoa “tomada pelo demônio” (não foi exatamente assim, mas só prá vocês entenderem...) estava, sim, era “tomada” por uma boa neurose. Das braba, mesmo. Veio Jung e... entendeu que a pessoa poderia estar, sim! tomada pelo demônio!...
Só que, este, fazia parte de seu repertório psíquico. E lá se foi estudar astrologia, tarot e ancestrais psicologias.

Se deu conta de que aquilo que antigamente o pessoal chamava de deuses eram componentes universais do psiquismo humano. Algo assim como, no físico: sódio, fósforo, potássio, ferro, etc. Existem x componentes, que, combinados, formam esse ou aquele tipo de pessoa, no plano físico e no psíquico. A tal da genética. Que tem até uma corrente da psicologia que se ocupa disto: a psicogênese.

Mas demônio, demônio mesmo, não... Até porque, nessas culturas primitivas, o que não tinha era a figura do Mal. Quer dizer, não havia um deus que sozinho encarnasse “o mal”. Os deuses eram, ao mesmo tempo, bonzinhos e terríveis, distribuindo benesses e raios, conforme o comportamento do cidadão ou de acordo com seus estados de espírito... Ou seja: se os imortais foram uma criação humana, criados foram à sua imagem e semelhança.

Muito embora a criação da clássica (e judaico-cristã) polaridade Bem e Mal outra coisa não é que uma humana criação.

Talvez porque a Humanidade, bem lá no início, ainda não tivesse descoberto o poder de um grupo, ou indivíduo, que iria se arvorar de “os bonzinhos”, delegando a outros o papel de maus.
Quando isso aconteceu, o grupo “do bem” pintou e bordou: sacrificou uma quantidade incrível de virgens, e alguns desafetos, decerto. Hoje ainda sacrificam, na maior cara de pau e impunidade, animais inocentes. E os desafetos. Nem sempre de forma explícita. Às vezes o ostracismo funciona melhor do que um penhasco.

Jung chegou à conclusão de que o antigo e eterno Mapa Astral, ou Natal, não era outra coisa que... O MAPA DO PSIQUISMO DO INDIVÍDUO!

E, para medicinas ancestrais, como a ayurvédica, esse Mapa equivale a um estudo de DNA. Os caras de lá primeiro o analisam, para só então atacarem o corpo.

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Droga, mas cadê aquele Brasil em que os pais podiam ir até o mercadinho da esquina com seus filhos, e estes iam brincando, saltitando felizes, pela rua?
Desculpem, mas nesse exato instante, ouvi vozes de crianças e um pai na rua. É uma noite quente e eu fiquei com saudade dessa cena.
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Se temos, então, em nosso psiquismo, um conjunto de deuses, ou arquétipos, como se dá a dinâmica desse grupo?

Para começar, vou apresentá-los ao Sol. Antes, até, ao Sistema Solar, porém do ponto de vista da turma do Picapau Amarelo, na memorável Viagem ao Céu – que recomendo: leiam.

“Parecia um bicho de sete cabeças, mas Dona Benta costumava explicar as coisas mais difíceis de um modo que até um gato entendia.
– Sistema – disse ela – é um conjunto de coisas ligadas entre si. E sistema planetário é um conjunto de planetas ligados entre si e o Sol, em torno do qual giram. Este sítio, por exemplo, é um pequeno sistema... Somos um sistema de gentes e coisas. Eu sou o centro, a dona das terras e da casa e das coisas que há por aqui. Vocês são meus netos. Tia Nastácia é minha cozinheira. O tio Barnabé é meu agregado, isto é, mora em minhas terras com meu consentimento. Há aqui estes objetos caseiros – a mesa, as cadeiras, as camas, o relógio da parede...
– O guarda-chuva grande, os travesseiros de paina, o pote dágua – ajudou Emília.
– Sim, há todos os objetos que nos rodeiam. E lá fora há os animais, a vaca Môcha, o Burro Falante, o Senhor Marquês de Rabicó, o pangaré de Pedrinho. São entes vivos e coisas mortas que giram em redor de mim. São os meus planetas. Eu sou o Sol de tudo isso. Se eu morrer, tudo isso se dispersa. Um vai para cá e outro para lá. Os objetos mudam de dono. Alguém é até capaz de comer o rabicó assado e botar o Burro Falante numa carroça. Mas enquanto eu estiver viva e aqui no meu posto de dona, tudo permanece como está e me obedece. Isto quer dizer que formamos aqui um “sistema familial”, em que todas as pessoas e coisas se relacionam à minha pessoa.”

2 comentários:

  1. HAHAHAHAHAHAHAHA!... DONA BENTA É MUITO SABIDA!...Mas... a gente andava pela rua Sozinho!!!! Num fim de semana, a gente tinha só o Matiné, quase que só com Farwest! Mas o resto da cidade era nossa todo o tempo! A circulação era livre pruma criança(Embora a gente estivesse em plena ditadura,a uma criança não afetam essas tranqueiras!...)Até ela ir crescendo e penetrando pelo(S) sistema (S)de ensino adentro feito uma peça industrial que vai recebendo sucessívas camadas de pintura ,até ocultar profundamente a formação original do indivíduo... ... Mas!:o tempo é curto e tenho que pinotear pela rua p/ entregar um trabalho...Então ficam meus parabéns por TUDO!!! (Incluso pela tua simpatia pessoal,ROSE!!!!!!)Parabéns pelo visual do blog e depois eu vasculho os outros pois alguns eu abrí e ainda estão sem texto por enquanto... Até breve!!...E VIVA C.G.JUNG,que ESTENDEU Freud até fora do sistema solar!!! UM Beijo! André Feil (Diário gauche) ( nenecofeil@hotmail.com )

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