quinta-feira, 31 de janeiro de 2013


Ainda sobre Santa Maria (leia mais na Bruxa Gaudéria/ link ao lado, abaixo)

   Dor e Culpa

Que vivemos numa cultura de culpa, herança judaico-cristã, todos sabemos. Mas exatamente, como é que se processa isto dentro de nós?

Antes um flashback: mãe, e pai, sempre vive com o coração na mão. Se o filho atrasa, não vem, a gente começa a imaginar. Às vezes, quando há algum acidente ou evento, então, a gente fica naquelas.
Esses tempos, num daqueles dias em que o guri jurava que iria aparecer, e que aparentemente não tinha como não, ele não veio. E eu... me peguei a imaginar.
Então, meio que entendi que o que pegava mesmo era "como eu estava sofrendo", e não sei se mais ou menos do que poderia ser (bate três vezes na madeira) a provável perda.

Essa relação das pessoas com a morte me traz sempre à lembrança uma cena que vi no enterro da minha inesquecível e sempre amada Madrinha. Pessoas que há muito não a viam, e que nem eram assim tão chegadas, já desciam dos carros e táxis aos prantos.
Isso me chamou a atenção, pois me deu a sensação de que elas pareciam precisar chorar por algo, e então aproveitavam a ocasião.

Por isso, fiquei pensando. A gente de fato se lamenta por aquele ser que não está mais aqui ou foca nas próprias emoções? Acho até que nos dois, que tudo se confunde.
Mas não posso dizer que não me incomoda essa tendência atual brasileira de sempre a pessoa enfocar a si própria.
Quer coisa pior, menos fraterna, do que o famoso: "Poderia ter sido eu." ???
Ou: "Obrigado Senhor por ter salvo a minha casa entre as sei lá quantas que foram soterradas".???

Acho até que se a gente realmente enfocasse a pessoa, saindo desse planeta, e indo para alturas mais divinas, talvez, houvesse mais compreensão e menos histeria. E aí sim, restasse o que tem que restar.
Como fazem os orientais, que em culturas mais tradicionais, por exemplo, nos funerais, as pessoas vão cantando e tocando instrumentos, bem coloridas, e apenas a família vai - de branco, e embaixo de uma espécie de dossel também branco, lamentando o seu morto. Os outros louvam-no e exaltam-no na intenção festiva de que seu espírito está livre.

E a culpa?
Pois penso que a culpa nasce de uma sensação interna, quase sempre à espreita, de que estamos duvidando de nosso Estado de Graça, de nossa união com a Divina Criação, da segurança de que o Grande Espírito providenciará tudo, de que há um Ritmo, e até um roteiro.
É como se estivéssemos constantemente a escolher dois caminhos: a tristeza ou depressão e o estado de graça. Ambos a um passo, ou clique, vamos por aqui ou por ali.

E nos grandes momentos em que somos arrebatados pela dor, é como se a nossa voz interior no dissesse: viu? não havia mesmo justificativa para você acreditar que pudesse ser feliz.

Mas lá no fundo subsiste outra voz dizendo que a vida, justamente, é feita de dor e amor, horror e alegria, medo e riso.
E a culpa, leitor, leitora, esperto, vem daí. Da dúvida em relação ao Divino.

Na Astrologia, isto é simbolizado por dois planetas: Júpiter - a graça, a confiança nesse estado de graça e Saturno - a matéria e tudo o que vem com ela.

Embora Saturno não signifique a dor. Ele pode até significar providências a serem tomadas para evitá-la, pois ele é o pragmatismo. E aí, muito se poderia falar, tipo: há a velhice com sabedoria e a velhice esclerótica, burra, a casca vazia.

Júpiter nem sempre é aquela felicidade toda, às vezes é também o excesso de confiança que nos leva ao abismo.

Hoje fiquei pensando aonde estão, e que relação têm atualmente. Saturno em Escorpião, entre outras coisas nos cobrando providências em relação a contratos, acordos, sociedades (papéis, cartórios, licenças) e Júpiter em Gêmeos - imprevidência nas relações, com os amigos, embora com muitas alegrias.

E é bom salientar que isto não deve jamais ser entendido como qualquer negação em relação a qualquer desses quesitos. Não está aí a proteção. Não existe um terrorismo de normas e regras nessa ciência milenar. Deveria haver sim um questionamento de toda a sociedade em relação a isto. Os romanos, dos quais seguimos tantas coisas até hoje, como a própria estrutura social, as Leis e até a democracia, nunca deixaram de atentar para as leis divinas. Elas faziam parte do Todo de seu conhecimento, antes de Constantino.

Não sei terminar os meus pensamentos em formas gradieloquentes, me lembra aquelas redações escolares, tipo meu Brasil varonil. Termine você este pensamento. Ou interaja, deixando aqui a sua reflexão.