segunda-feira, 19 de abril de 2010

Atenção marinheiros de primeira viagem em blogs: comecem sempre a ler lá de baixo. Clique em post mais antigos e venham subindo. Os meus blogs não são do tipo "o que se escreve hoje amanhã tá superado". Há um enredo, um começo, e é este que fica lá embaixo. E obrigada pela visita!

sábado, 17 de abril de 2010

A Lua: Viagem à Lua ou De Volta ao Passado?

Esses dias, encontrei uma ex-aluna que não via há tempos. Engraçado como mesmo sem se dar conta, a gente fantasia o futuro das pessoas. Porque se a pessoa não se tornou aquilo que a gente achava, a gente estranha. Essa garota, por exemplo, que eu sempre achei que teria um grande futuro pela frente, pois era do tipo inteligente e aplicada, havia engordado muito e estava morando num sítio. Estava dando um tempo nos estudos. Se decepcionara com o curso e desistira do mestrado. A seu lado, sua mãe. Uma mulher de cabelos esguedelhados, como diria a minha avó, com uma cara triste de quem não se leva muito a sério e roupas que pareciam ter saído de um brechó ex-hippie.
E isso me levou a pensar na Lua.
Pois a Lua é a força que te puxa do passado, também conhecida por Mãe ou família.
Quando falamos em planetas (nesse caso, a Lua é um "planeta"), isto significa padrões.
A Lua simboliza os padrões pretéritos, a sensação de se estar certa por pertencer a algo e seguir esse algo.
Quantas pessoas preferem essa segurança a assumir a própria individualidade - ou Sol.
O ideal é um meio termo entre ambas as forças. Misturar os valores do passado com as descobertas que fazemos a cada dia.
Os padrões são variáveis: a nossa ex-hippie pode passar à filha um exemplo de casca vazia ou cheia... de recordações e vontades de recriar o que passou, nem que seja na roupa. Ou... de ter aproveitado esses valores e criado uma empresa voltada à sustentabilidade, por exemplo.
É a filha, porém, que segue os exemplos, nem sempre com filtro, e o filtro é a sua individual e exclusiva visão de mundo.
O que não se deve, em relação à Lua, repito, ou àquilo que entendemos como seguro e familiar, é aceitá-lo goela abaixo sem um mínimo de reflexão, reflexão que leva a uma escolha.
Podemos nos orgulhar, sim, dos valores que nossos pais ou nossa família nos legaram. Desde que consigamos inserí-los em nossas escolhas pessoais e atuais.
A garota, essa, impossibilitada de seguir sua própria orientação atolou numa espécie de limbo (às vezes, os padrões se chocam - não no sentido das galinhas -aparte da Gaudéria, que se mete). Isso é que são as tais quadraturas e oposições, e que só um profissional competente da área pode esclarecer e ajudar a resolver.

Um bom exemplo de "Lua" no coletivo é o caso das novelas. Até se entende a novela como opção às classe menos favorecidas que não tem poder aquisitivo suficiente para encarar uma peça de teatro, um evento cultural qualquer. Mas se torna uma cola social quando existem outras opções e a pessoa nem tenta descobrí-las. Uma Lua mal resolvida, digamos.
Sem a novela, sobre o quê vou conversar amanhã no meu trabalho? Ou mesmo que não converse, a sensação de fazer parte de algo, de estar inserida num todo desse porte, já basta.
A prova de que houve exagero no quesito segurança é o tédio. Ou depressão, não aquela enorme, mas essa da qual todo mundo se queixa de certa forma, essa que (também) virou moda.
O preço que se paga virá mais tarde, quando uma sensação de vazio, o vazio do Eu, se apresentar. Ou não, o que é pior. Porque aí a pessoa já morreu e não sabe.