terça-feira, 14 de julho de 2009

Projeto Ideiafix

Se vires alguém cortando uma árvore, liga pra SMAM: 3289 7541 ou 42. Em Porto Alegre. Se não estiveres aqui, descobre aí na tua cidade quem é a Cavalaria Verde.
A ganância - que será castigada na próxima encarnação - anda querendo comer todo o verde que encontra pela frente. O Morro de Santa Teresa corre perigo! Attention!

E se quiseres dar uma força pros caras que estão dormindo na rua, na Voluntários da Praia 359, tem cobertor a 13 pila e pouco. Não tô ganhando comissão por conta dos miseráveis, óbvio. Pros cachorros, pega a manga de um blusão velho e corta, não tem mistério. Caixa de papelão enrolada com plástico também quebra o galho pra uma casinha pros bichos.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Hot Winter ou Tempo para falar de calor

“Sentindo um frio em minh’alma...” em vez de te convidar pra dançar, até porque, afinal, não estavas aqui, acabei por pensar no frio. Na verdade, eu estava sentindo um tal frio físico, era tanto, que eu me dei conta de que ele não era só físico, era também da alma... E juntei isso com essa coisa que falam sempre na tal “depressão de inverno”, com as roupas mais escuras, etc. Embora discorde. Para mim, inverno é sinônimo de estação dos vinhos, das roupas elegantes, dos bares noturnos mais interessantes, etc. Mas esse frio tava de danadar.
Aí pensei nas festas de Solstícios de antigamente. E, por antigamente, quero dizer an-ti-ga-men-te: AC.

O Solstício de Inverno invoca justamente o Deus do Fogo, aquele que chega de roupa vermelha, o Papai Noel da nossa cultura, ora. Vem daí, sabia? A gente aqui, no Hemisfério Sul se confunde um pouco, pois essas celebrações vieram do Hemisfério Norte, com os colonizadores, é bom lembrar.
Mas a celebração, a cerimônia em si, permanece a mesma. Quem quiser atrair esse deus, atrair esse poder, essa sua força, deve fazer aquilo que por séculos o povo fez: parar na frente de uma fogueira, lareira ou até mesmo de uma (ou mais) boa vela e crer que está trazendo esse Fogo para dentro de si. Faça um pacto com essa energia, diga algo, tipo: mesmo em situações extremas, vou, prometo que vou... tentar fazer tudo para manter esse Fogo aceso dentro de mim. O Fogo é a sua força interior, pode ser o seu riso, a sua eterna alegria ou até a sua calma, uma maneira de ver a vida tão tranqüila, que ninguém poderá abalar esse seu centro de poder. Pode também, se a criatividade ultrapassar a simples contemplação, aproveitar e sair a pular fogueiras, soltar fogos de artifício, dançar algumas quadrilhas ou ainda pegar maçãs com a boca de dentro de um enorme caldeirão em barraquinhas de sorte.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

II - In Corpore Sano, ou... In Body We Trust

Claro que todo mundo sabe que o rosto tem músculos. Daí que, a minha primeira dica no In Corpore (e quanto ao tema vem mais no Dance como Isadora/em breve), é exatamente esta: assim como você (espero que) malha o corpo, faça também exercícios faciais com o rosto. Antes, procure alguma imagem desses músculos. Depois, lambuze um pouco o rosto com um bom hidratante (eu uso Nívea milk e creme - baratinho - 5 pila e pouco em qualquer super mercado, e o melhor: é o primeiro e nem sei se o único até agora - que NÃO FAZ EXPERIÊNCIAS COM ANIMAIS).
E parta para o primeiro exercício, que é muito simples: sorria! Sim, embora não esteja sendo filmado/a, é muito bom e importante, já que, com todas as cargas do dia a dia, tendemos a contrair nossa face numa máscara (careta) de tristeza, brabeza e sei lá mais o quê. Que, com o tempo, acaba por se tornar a nossa real face (e aí você fica mais triste).
Há outros exercícios, veja em sites especializados, ou descubra/invente, a partir de uma boa olhada no espelho. Pode fazer que está dando beijinho, fazer um peixinho com a boca, e um monte de bichice. Mas funciona.
Não faça com alguém olhando, que vai pensar que você está louca, como acontece com o Woody Allen, olhando para a mulher que se exercita, no Memórias.
Depois de sorrir, além de ficar com uma musculatura facial mais firme, vai ficar mais alegrinho/a.

domingo, 5 de julho de 2009

ERA NOVA
Gilberto Gil


Falam tanto numa nova era
Quase esquecem do eterno é
Só você poder me ouvir agora
Já significa que dá pé

Novo tempo sempre se inaugura
A cada instante que você viver
O que foi já era, e não há era
Por mais nova que possa trazer de volta
O tempo que você perdeu, perdeu, não volta
Embora o mundo, o mundo, dê tanta volta
Embora olhar o mundo cause tanto medo
Ou talvez tanta revolta

A verdade sempre está na hora
Embora você pense que não é
Como seu cabelo cresce agora
Sem que você possa perceber
Os cabelos da eternidade
São mais longos que os tempos de agora
São mais longos que os tempos de outrora
São mais longos que os tempos da era nova
Da nova, nova, nova, nova, nova era
Da era, era, era, era era nova
Da nova, nova...

Que sempre esteve e está pra nascer

Falam tanto

quinta-feira, 2 de julho de 2009

/Esse texto é continuação do primeiro post (clica lá embaixo, se ainda não leu)/

Por falar em mitos, antes de Jung, Freud mostrou que uma pessoa “tomada pelo demônio” (não foi exatamente assim, mas só prá vocês entenderem...) estava, sim, era “tomada” por uma boa neurose. Das braba, mesmo. Veio Jung e... entendeu que a pessoa poderia estar, sim! tomada pelo demônio!...
Só que, este, fazia parte de seu repertório psíquico. E lá se foi estudar astrologia, tarot e ancestrais psicologias.

Se deu conta de que aquilo que antigamente o pessoal chamava de deuses eram componentes universais do psiquismo humano. Algo assim como, no físico: sódio, fósforo, potássio, ferro, etc. Existem x componentes, que, combinados, formam esse ou aquele tipo de pessoa, no plano físico e no psíquico. A tal da genética. Que tem até uma corrente da psicologia que se ocupa disto: a psicogênese.

Mas demônio, demônio mesmo, não... Até porque, nessas culturas primitivas, o que não tinha era a figura do Mal. Quer dizer, não havia um deus que sozinho encarnasse “o mal”. Os deuses eram, ao mesmo tempo, bonzinhos e terríveis, distribuindo benesses e raios, conforme o comportamento do cidadão ou de acordo com seus estados de espírito... Ou seja: se os imortais foram uma criação humana, criados foram à sua imagem e semelhança.

Muito embora a criação da clássica (e judaico-cristã) polaridade Bem e Mal outra coisa não é que uma humana criação.

Talvez porque a Humanidade, bem lá no início, ainda não tivesse descoberto o poder de um grupo, ou indivíduo, que iria se arvorar de “os bonzinhos”, delegando a outros o papel de maus.
Quando isso aconteceu, o grupo “do bem” pintou e bordou: sacrificou uma quantidade incrível de virgens, e alguns desafetos, decerto. Hoje ainda sacrificam, na maior cara de pau e impunidade, animais inocentes. E os desafetos. Nem sempre de forma explícita. Às vezes o ostracismo funciona melhor do que um penhasco.

Jung chegou à conclusão de que o antigo e eterno Mapa Astral, ou Natal, não era outra coisa que... O MAPA DO PSIQUISMO DO INDIVÍDUO!

E, para medicinas ancestrais, como a ayurvédica, esse Mapa equivale a um estudo de DNA. Os caras de lá primeiro o analisam, para só então atacarem o corpo.

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Droga, mas cadê aquele Brasil em que os pais podiam ir até o mercadinho da esquina com seus filhos, e estes iam brincando, saltitando felizes, pela rua?
Desculpem, mas nesse exato instante, ouvi vozes de crianças e um pai na rua. É uma noite quente e eu fiquei com saudade dessa cena.
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Se temos, então, em nosso psiquismo, um conjunto de deuses, ou arquétipos, como se dá a dinâmica desse grupo?

Para começar, vou apresentá-los ao Sol. Antes, até, ao Sistema Solar, porém do ponto de vista da turma do Picapau Amarelo, na memorável Viagem ao Céu – que recomendo: leiam.

“Parecia um bicho de sete cabeças, mas Dona Benta costumava explicar as coisas mais difíceis de um modo que até um gato entendia.
– Sistema – disse ela – é um conjunto de coisas ligadas entre si. E sistema planetário é um conjunto de planetas ligados entre si e o Sol, em torno do qual giram. Este sítio, por exemplo, é um pequeno sistema... Somos um sistema de gentes e coisas. Eu sou o centro, a dona das terras e da casa e das coisas que há por aqui. Vocês são meus netos. Tia Nastácia é minha cozinheira. O tio Barnabé é meu agregado, isto é, mora em minhas terras com meu consentimento. Há aqui estes objetos caseiros – a mesa, as cadeiras, as camas, o relógio da parede...
– O guarda-chuva grande, os travesseiros de paina, o pote dágua – ajudou Emília.
– Sim, há todos os objetos que nos rodeiam. E lá fora há os animais, a vaca Môcha, o Burro Falante, o Senhor Marquês de Rabicó, o pangaré de Pedrinho. São entes vivos e coisas mortas que giram em redor de mim. São os meus planetas. Eu sou o Sol de tudo isso. Se eu morrer, tudo isso se dispersa. Um vai para cá e outro para lá. Os objetos mudam de dono. Alguém é até capaz de comer o rabicó assado e botar o Burro Falante numa carroça. Mas enquanto eu estiver viva e aqui no meu posto de dona, tudo permanece como está e me obedece. Isto quer dizer que formamos aqui um “sistema familial”, em que todas as pessoas e coisas se relacionam à minha pessoa.”

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Dia de São Pedro

"Com a filha de João, Antonio ia se casar, mas Pedro fugiu com a noiva, na hora de ir pro altar..."

Quando se entende o mito, ou arquétipo, é importante, quase básico, que se estabeleça uma relação deste com outros similares, o que se entende por sincretismo. São Pedro, no candomblé daqui do RS e de Cuba (incrível, mas os dois têm a mesma linha), é sincretizado com Exú. Que, por sua vez, pode ser sincretizado com Plutão-Hades - o senhor do Averno, ou Inferno (mas não como é entendido do ponto de vista cristão. Para os povos primitivos, não havia a polarização Bem e Mal, lembre-se.)
São Pedro pode ser relacionado também, além de Plutão, com Hermes Psicopompe - que transitava, ou contrabandeava (talvez daí ser o patrono do Rio Grande, terra de bárbaros na sua origem, oigalê!) as almas daqui prá lá, e, raramente, se não me falha a memória, no caminho inverso.
É um santo-orixá-deus-mito de fronteira. Ele cuida dessa passagem.
E São Pedro, de quebra, cuida do clima. Vê se pode...

Então, talvez hoje, a reflexão possa ser nesse sentido: sobre como ultrapassar nossos limites e fronteiras, pedir a ajuda do santo pra conseguir aquela casa tão sonhada, a sua autorização (e tudo isso, não se confunda, significa mesmo uma conversa que terás com o teu inconsciente e não com alguém de fora; apenas que porás um nome nesse departamento, como uma http, capicce?) para explorar melhor novos mundos, e otras cositas que tua imaginação ousar.
Na bruxagauderia tem mais.
Boa festa!

quarta-feira, 24 de junho de 2009

ASTROLOGIA

1 - Mens Sana

Eu nunca precisei “acreditar” em Astrologia. Lá pelos meus dez anos, sentada nas escadarias da casa da minha avó, ao observar os tios, as primas, a parentalha, enfim, entrar em cena, ficava relacionando suas atitudes aos seus signos. Não chegava a ter uma clareza plena do significado disto, nem lembro da primeira vez em que – se é que – cheguei a comprar alguma revista sobre Signos, mas acredito que sim. Algo deve ter acionado esse reservatório; de qualquer forma, o que eu já sabia, era muito.

Outro fato que, ainda na infância, me fez ver além da matéria, digamos, era aquela coisa (que até contei no prefácio da Gaudéria*) de ser conduzida pela minha madrinha, de Peixes... para uma espécie de ritual nos domingos de grenal.

Morávamos praticamente em frente ao Estádio dos Eucaliptos – antiga sede do Colorado, pra quem não sabe, e dizem que futuro shopping (mais um...) –, sendo a família, quase que inteirinha, gremista. Naquelas tardes de domingo em que o jogo estava bem complicado para o Grêmio, depois de algumas considerações, e incentivos por parte de meu avô, a minha madrinha se decidia, me convidando, e lá bem no fundo do pátio, colocava, numa pedra, um copinho de cachaça e um charuto pro Negrinho do Pastoreio. Que, na minha cabeça, se confundia com Saci Pererê e até com Exu. Com intenções nada benignas de fazer com que os jogadores do Inter trocassem um pouco as pernas. Depois de uns bons quinze a vinte minutos, a coisa começava a fazer efeito e... batata! o Grêmio começava a se recuperar. E o mais incrível é que, quando eu ia olhar que fim haviam levado aquelas coisas lá nos fundos, constatava que o charuto ia muito bem, obrigado, fumegando... como se estivesse sendo fumado, e a cachacinha... evaporando-se!...
Sei que parece história de pescador, e, como esta, até tenho outras. Mas o fato é que durante toda a minha vida sempre percebi que havia uma... dimensão paralela. Era uma coisa praticamente inquestionável.

Pela vida, segui tendo outras constatações que me faziam seguir nessa direção.

Sem contar a Música** e a Dança...

Quando, no primeiro ano do Clássico, me deparei com a Filosofia, voltei para casa em estado de êxtase. Era aquilo que eu queria ser!... – O quê, minha filha? – perguntou minha mãe, ao me ver sentada de olhos postos no horizonte e com cara de coisa canonizada. – Isso, quero passar a vida pensando, questionando... o “ser ou não ser”...
Na minha família, a loucura (da boa) era, se não incentivada abertamente, pelo menos tolerada. Ou uma metodologia do tipo: se a gente fingir que não tá vendo, isso passa...
No segundo ano, entrou a Psicologia, e... Jung! Aí, foi pura epifania.

Desse tempo em diante, aquela coisa de “arquétipos” ficou na minha cabeça. Sabendo, por exemplo, que eu era uma leonina e, segundo uma vizinha espírita (e sogra de um grande jogador do Inter), filha de Iansã, além de outras coisas que outra vizinha ligada ao candomblé me havia dito, comecei a juntar tudo e entender que estávamos falando dos tais arquétipos. Arquétipo então era aquilo: se em toda a civilização temos um deus, ou santo, ou herói que tem ou simboliza a mesma energia, isto é universal. Humano. Está no Inconsciente Coletivo – outro pilar junguiano, por sinal.

Com o tempo, fui fazendo outras conexões e, quando comecei mesmo a estudar Astrologia, já tinha toda essa Mitologia muito clara em minha cabeça.
Tinha estudado até a relação de cada energia com cada coisa: tipo, a energia do guerreiro se encontra no alho, que tem a ver com Áries; Touro rege a voz e esta, quando está com problemas, é curada pela camomila, a erva deste signo. Entendi a conexão com as cores, com os sons, com as pedras preciosas, até com cidades e países, e com as partes do corpo. Juntei com terapias orientais milenares, e apliquei-as à Dança.
E, como eu criava Ballets que tinham personagens bem definidos – e brasileiros –, trabalhei a Criação de Personagens, com o método Stanislavski e... com os arquétipos.

Nada disso, no entanto, me fala de fé. São pensamentos, constatações, estudos. Daí que, quando alguém vem achando que este conhecimento tem algo a ver com qualquer forma de crença, sempre me dá uma sensação de desconforto. Tanto aquela pessoa que chega “do alto” se sentindo a “científica”, muito embora nem saiba o que isto quer dizer realmente, quanto aquela que entra em meu consultório me olhando como se eu fosse o Paulo Coelho.

Na verdade, sou até cética. Não gosto de “acreditar” em nada, pois isto me cheira a falsidade. Ou a coisa é ou não é. Simples assim.
Como assim? Algo que a gente sente que é verdadeiro e que nos faz querer saber mais. E aí a gente lê, pesquisa, estuda, aprende, pergunta, questiona, duvida, encontra.


* - A Bruxa Gaudéria e o Bando de Loco! Martins Livreiro/
** - Quando comecei a jogar Tarot, entendi que o ato de “puxar as cartas” era semelhante ao processo de “tirar uma música de ouvido” – coisa que comecei aos dois anos e meio de idade. Conto isso mais adiante, ou no Cine Ipanema. De qualquer modo a carta, a runa, etc, assim como a nota musical, parece que fica “quente”, que nos chama. E, por favor, não confunda essa parte do “tirar” com a parte do conhecer o tema. Uma é intuitiva, a outra requer muitos anos, talvez a vida inteira, de estudo.